A Polícia Civil dentro das casas das vítimas. Esta é uma das mudanças que o programa Delegacia de Dedicação Integral ao Cidadão (Dedic) introduziu, inicialmente em sete delegacias, com um método inovador que visa acelerar as investigações e uma maior aproximação com a população. Implantado em fevereiro deste ano, o programa já rende bons frutos.
Pioneiro na América Latina, o grande diferencial do Dedic está na maneira em como a vítima pode fazer um registro de ocorrência: basta ligar para a delegacia da circunscrição em que mora, ou fazer o pré-registro pela internet, agendando uma hora, entre 8h e 00h, para receber os agentes na própria casa, ou, se preferir, para comparecer na unidade policial.
O chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, reconhece que é preciso estabelecer uma boa relação com o cidadão, ressaltando que o programa é uma forma de mudar a relação entre ele e o policial civil. “Muitas pessoas que foram fazer o registro de ocorrência nas delegacias falaram que ficaram com receio de receber os agentes na sua casa e mudaram de ideia após verem o atendimento dado a elas. Nós estamos mostrando que queremos essa nova relação com o cidadão”, afirmou.
“O programa é um esforço muito grande da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Civil no sentido de dar um serviço à população mais dinâmico, mais eficiente e transparente. Nós sabemos que a população não tem conhecimento de muitas ideias excelentes como esta e é esse o nosso objetivo: fazer com que todos conheçam esse projeto, para que ele realmente se torne algo perene, seja uma mudança”, explicou Ignez Barreto, responsável pelo Movimento de Segurança de Ipanema, durante a palestra “DEDIC: Paz, Ordem e Segurança em nossas ruas”, realizada em abril. No evento, estavam presentes o chefe de Polícia, do subchefe administrativo da Polícia Civil, Rodolfo Waldeck, do diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), Ronaldo Oliveira, do delegado Rafael Menezes e da titular da 15ª DP, Bárbara Lomba.
Os agentes que participam do programa trabalham em período integral, em escala de expediente, de segunda a sexta-feira, perfazendo oito horas diárias. Dos policiais lotados nas delegacias, apenas 20% a 30% continuam a trabalhando sob o regime de escala de 24h por 72h. Isso possibilita uma maior dedicação à corporação. O foco da iniciativa é a investigação policial, por isso o efetivo trabalha totalmente descaracterizado.
Segundo o subchefe administrativo da Polícia Civil, Rodolfo Waldeck, quando o policial vai até a casa da vítima, é criada uma amizade, uma aproximação, o que qualifica a investigação, dando a possibilidade dela ser concluída naquele momento, na residência. Ainda segundo o delegado, a equipe liga para o cidadão perguntando como ele foi atendido, além de mantê-lo informado por telefone ou pela internet sobre o andamento do seu registro de ocorrência.
Quando solicita a visita dos policiais em sua casa, a vítima recebe os nomes dos agentes, além do modelo da viatura descaracterizada em que eles estarão. Os policiais usam um laptop e uma impressora, para agilizar o atendimento. O único requisito para que haja este tipo de serviço é que a pessoa more na mesma circunscrição da delegacia responsável e que o crime tenha sido cometido naquela região.
O subchefe Rodolfo Waldeck atenta para a diminuição do tempo para se fazer um registro que antes demorava 17 minutos e com a implantação do programa será concluído em até três minutos. “É uma maneira da Polícia Civil estar mais próxima e criar uma relação amigável com o cidadão. Neste programa, a população é responsável por moldar a rotina da delegacia. Com os policiais nas ruas, estaremos onde está o problema. Isso permite também que a Polícia Militar não perca tempo assumindo as ocorrências, encaminhando vítimas para as unidades policiais, podendo se dedicar exclusivamente ao patrulhamento ostensivo”, finaliza ele.
O programa começou com sete delegacias modelo: 12ª DP (Copacabana), 14ª DP (Leblon), 15ª DP (Gávea), 16ª DP (Barra da Tijuca), 19ª DP (Tijuca), 35ª DP (Campo Grande) e 77ª DP (Icaraí). Para este trabalho, foram convocados alguns dos novos inspetores de polícia. Os policiais envolvidos no programa foram preparados exclusivamente com o objetivo de atuar no projeto DEDIC, e participarão de cursos de aperfeiçoamento em técnicas de atendimento, voltados para grandes eventos, além de receberem aulas de inglês e espanhol.